terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mais Micro Contos


Ele olhou pela janela e jogou seus vermes ao ar. A cidade estava deserta e silenciosa, distante como uma cidade de interior numa tarde de domingo.


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As pessoas giravam pelo mundo e o mundo dentro delas, num reflexo.


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As letras manchadas.A folha umedecida pela garoa. A garota para, pensa e não vê. A chuva mancha as letras; as letras, a folha. E a garota, apenas um detalhe despercebido da rua.


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Nesse verão as árvores apenas sonham, está quente demais para viver.


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O livro olhou-o sem interesse. Sua alma estava em andrajos e o livro falava de um inverno emocional.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Micro Contos e/ou Pensamentos


Eu sentia falta daquele cheiro de outono. Desenhava lembranças e continuava sendo um fragmento do universo.

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Eu olhei profundamente nos olhos do dia nublado. A chuva era inevitável, mesmo se as nuvens se fossem.

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No útero eu soluçava perdido e sozinho. Mas naquela solidão havia sobretudo conforto.

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Mesmo o melhor dicionário não pode traduzir um sentimento mudo.

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Eu olhava no espelho procurando por um eu que não morava mais em mim, uma lembrança caída de um bolso, algum sentimento contido. Dias de sol frio. Humanos sem carne ou osso. Memórias. Retratos vivos. Eu queria tudo num ovo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Micro contos


Na cidade, os muros pichados. As pessoas olhavam sem ver. Existiam sem viver.

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Havia pessoas demais em meus pensamentos. Isso me angustiava. Me assustava estar cercado por algo que eu conhecia tão pouco.

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Na chuva lá fora havia um pouco de poesia, sem estilo, sem rimas, apenas vida pingando num papel em branco.

domingo, 15 de novembro de 2009

Alguns Micro Contos


Na rua, as pessoas passavam apressadas, sem notar a estranheza de um outro dia. Se houvesse ali um espelho, ele não refletiria nada além de sombras.

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O silêncio entre as árvores não era verde. Era um silêncio sem cor. Apenas silêncio. Um pouco triste, um pouco vivo.

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Eu notava as estrelas e a noite. Não havia nada de novo no céu. Dentro de mim, ventanias, tempestades e furacões. Sentimentos crus que não moviam o universo.